ACERCA DAS TERAPIAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS
Versão Portuguesa – Portuguese Version
Versão adaptada do original disponível em http://eabct.eu/about-eabct/what-is-cbt/
As Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCC) são abordagens psicológicas baseadas em princípios científicos e cuja investigação tem mostrado serem eficazes num largo espectro de perturbações mentais e problemas físicos, podendo ser utilizadas com crianças, adolescentes e adultos. Nas TCC os doentes e os terapeutas trabalham em conjunto para identificar e compreender os problemas dos doentes em termos das relações entre pensamentos/cognições, emoções e comportamento. Esta abordagem habitualmente incide sobre as dificuldades no aqui e no agora, assentando no desenvolvimento pelo terapeuta e doente de uma visão partilhada do problema do indivíduo. Isto conduz posteriormente à definição de objetivos terapêuticos personalizados e limitados no tempo, e de estratégias que são continuamente monitorizadas e avaliadas. As abordagens podem ser utilizadas para ajudar qualquer pessoa, independentemente das suas capacidades, cultura, raça, género ou preferência sexual.
Os Terapeutas ou Psicoterapeutas Cognitivo-Comportamentais são habitualmente profissionais de saúde como psicólogos, médicos psiquiatras e pedopsiquiatras e partilham os princípios acima mencionados. Os terapeutas podem também designar-se a si próprios como Psicoterapeutas Cognitivos, Psicoterapeutas Comportamentais e Psicoterapeutas Cognitivo-Comportamentais. Estes diferentes títulos refletem com frequência a preferência e formação individual dos terapeutas em diferentes abordagens cognitivo-comportamentais, entre as quais: terapia cognitiva (assente sobretudo na mudança cognitiva), terapia comportamental (assente sobretudo na mudança do comportamento), ou uma combinação de ambas como na terapia racional emotiva comportamental (e mais recentemente na terapia focada nos esquemas, terapia baseada no mindfulness, terapia focada na compaixão, terapia de aceitação e compromisso, entre outras)*. Qualquer que seja a designação que os terapeutas adotem, a abordagem subjacente é referida comummente como Terapia Cognitivo-Comportamental. Mais importante ainda, todos os terapeutas têm como objetivo ajudar os doentes a alcançar a mudança desejada na forma de pensar, sentir e comportar-se.
Eis um exemplo de como os nossos pensamentos, emoções e comportamentos nos podem afetar:
“A D. Maria estava quase a adormecer, e devido ao tempo que ela demorou a atender o telefone, este deixou de tocar. Ela tem sofrido de ansiedade e depressão há algum tempo. A sua filha, Isabel, que se mudou recentemente para Lisboa veio imediatamente à sua mente. A D. Maria pensou: “Deve ter acontecido alguma coisa à Isabel! Isto era um telefonema da polícia a informar-me de que a Isabel tinha tido um acidente grave.” Ela sentiu-se angustiada, o seu estômago revoltado e o seu coração a bater muito forte ao pensar que poderia ter acontecido alguma coisa com a Isabel. Os seus pensamentos sucederam-se descontroladamente e ela teve mede de estar a enlouquecer. Ela ligou à filha Isabel várias vezes, mas não obteve resposta. A D. Maria considerou isto como uma evidência adicional de que algo de mal tinha acontecido à Isabel, sentiu-se tão apavorada que ficou acordada toda a noite, apesar de ter tomado medicação extra. Ela teve pensamentos terríveis sobre todas as coisas que poderiam ter acontecido, e pensou mesmo em ligar para alguns hospitais de Lisboa. A D. Maria soube pela Isabel, na manhã seguinte, que ela tinha passado a noite em casa de uma amiga e que estava bem. No entanto, ela permaneceu angustiada e sentiu-se incapaz de ir trabalhar”.
O QUE ACONTECE NA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL?
Nas Terapias Cognitivo-Comportamentais, o terapeuta e o cliente trabalham juntos para:
Desenvolver uma compreensão partilhada de cada problema do doente;
Identificar como cada problema afeta os pensamentos, comportamentos, emoções e funcionamento diário do doente.
Com base na compreensão dos problemas de cada doente, o terapeuta e o doente trabalham em conjunto no sentido de identificar os objetivos da terapia e concordar com um plano de tratamento partilhado. O foco da terapia consiste em capacitar o doente a conceber soluções para os seus problemas, que sejam mais úteis e adaptativas do que a sua forma habitual de lidar com esses problemas. Com frequência, isto implica que o doente use o tempo entre as sessões para experimentar nos contextos as novas soluções.
A terapia organiza-se num número de sessões combinado. O número de sessões necessário dependerá da natureza e gravidade do problema do doente. Tipicamente, as sessões são semanais, têm a duração de uma hora e são realizadas por um período de 10 a 15 sessões, mas esta duração pode ser significativamente mais curta ou mais longa. Após o término do tratamento, o doente e terapeuta habitualmente combinam um número limitado de sessões de seguimento para manter os progressos alcançados.
EM QUE TIPO DE PROBLEMAS A TCC PODE AJUDAR?
A investigação em terapias cognitivas e comportamentais tem sido realizada extensivamente em diversos contextos. Esta investigação tem mostrado que a TCC é uma forma eficaz de psicoterapia, em especial nas seguintes perturbações mentais e problemas físicos:
- Ansiedade e ataques de pânico
- Fobias (e.g., agorafobia, fobia social)
- Síndrome de fadiga crónica
- Depressão
- Perturbação obsessivo-compulsiva
- Perturbações do comportamento alimentar
- Problemas sexuais e relacionais
- Perturbações de crianças e adolescentes
- Problemas gerais de saúde
- Dor crónica
- Problemas de hábitos (e.g., tiques)
- Raiva
- Perturbações de uso/abuso de substâncias (e.g., álcool ou drogas)
- Esquizofrenia e psicose
- Problemas associados com dificuldades de aprendizagem
- Perturbação bipolar
- Perturbação de stress pós-traumático
- Perturbações do sono
*Nota do Tradutor